Members Jailcante Posted September 12, 2007 Members Report Share Posted September 12, 2007 Quarta' date=' 12 de setembro de 2007, 10h41 Ancine encerra consulta pública sobre cineclubes A Agência Nacional do Cinema (Ancine) quer regulamentar a atividade dos cineclubes no Brasil, definir critérios para seu registro facultativo e estabelecer políticas de financiamento público. Para isso, colocou em seu site um documento com possíveis normas, na expectativa de receber sugestões e críticas. A consulta pública termina nesta quarta-feira. As propostas serão analisadas pela diretoria da agência, que pretende oficializar as medidas ainda este ano. Em junho, o assunto também foi discutido no Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural. Pelos cálculos da Ancine, existem cerca de 600 cineclubes no País.Eles se caracterizam como salas de cinema não comerciais que exibem filmes gratuitamente, democratizando o acesso à cultura. De acordo com o diretor da Ancine, Leopoldo Nunes da Silva Filho, os cineclubes funcionam em locais variados, desde escolas e universidades, associação de moradores e garagem de casas. "Se não é definido o que não é comercial, esses estabelecimentos ficam sujeitos à mesma lei que rege o cinema comercial e isso implica, entre outras coisas, em cobrança de direitos autorais", explica Silva Filho. Segundo ele, com o reconhecimento, os cineclubes poderão participar dos programas de financiamento do governo e terão acesso facilitado aos equipamentos e cópias de filmes. "A Ancine vai fazer um cadastro dos cineclubes e isso permitirá o surgimento de novas políticas voltadas para o setor." O presidente do Conselho Nacional de Cineclubes, Claudino de Jesus, considera a consulta pública uma iniciativa importante. "Qualquer um pode querer ser um cineclubista, basta ter a intenção de exibir os filmes a gerar uma discussão em torno disso. Hoje o movimento apóia muito a produção alternativa do país", ressalta Jesus. De acordo com ele, o cineclubes enfrentam diversos problemas. Entre eles, a dificuldade de acesso aos filmes e a proibição de exibir produções que tenham direitos autorais. [/quote'] Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nacka Posted September 14, 2007 Author Report Share Posted September 14, 2007 Finalmente, após um longo e indesejado hiato o Cineclube reabre as portas e assim como começou, inciamos esta temporada com a resenha vencedora do game O Cinéfilo. O grande vencedor foi o usuário Bern@rdo que nos brinda com uma resenha do filme Pecados Íntimos do diretor Todd Field. à partir de agora, a cada segunda-feira teremos uma nova resenha aqui, aproveitem: Pecados Íntimos <?XML:NAMESPACE PREFIX = O /> Filme: Little Children (EUA, 2006) de Todd Field. Com: Kate Winslet, Patrick Wilson, Jackie Earle Haley, Jennifer Connelly, Noah Emmerich, Phillis Somerville.Sinopse: O filme acompanha a relação amorosa de duas pessoas casadas e os sentimentos que passam a viver às escondidas, ao mesmo tempo em que retrata o abalo que um ex-pedófilo sofre com o preconceito da população de uma cidade suburbana.O que eu acho: O cinema de Todd Field é uma arte que deve ser apreciada lentamente: o cineasta se importa em pontuar momentos com pequenas sutilezas, demonstrando ainda por cima uma sensibilidade admirável. Ele importa-se em construir mesmo coisas que não serão utilizadas com afinco pelo filme, mas que engrandece mesmo assim os personagens e o trabalho dos atores. Sua capacidade em transmitir os sentimentos de seus personagens é ilimitada: em In the Bedroom o diretor utiliza em excesso (não falando no sentido pejorativo da palavra) o silêncio, possibilitando seus atores de dizer 20 páginas de roteiro em um único olhar; em Little Children, a arma utilizada foram as câmeras lentas, engrandecendo os momentos e ao mesmo tempo em que torna tudo tão trivial, consegue ser único. Em Little Children, a narrativa é repleta de sutilezas. Aliás, logo na primeira cena quando o diretor mostra bibelôs boquiabertos e relógios tocando (e um pouco antes o som de uma criança cantando), Field já faz uma clara alusão a seus personagens: Brad (Patrick Wilson) e Sarah (Kate Winslet) podem parecer felizes por fora, mas por dentro sentem-se vazios e insatisfeitos com o rumo que levaram suas vidas e são tomados por impulsos gritantes que podem destruir suas vidas. Tais impulsos inclusive os fazem agir como pequenas crianças (ler título original) devido a total falta de consideração acerca das conseqüências que seus impulsos podem causar. Mesmo assim, no momento em que se conhecem vêem um no outro a chance de realizarem isto e por uma única vez passarem por cima das regras e da conduta social que adotam, e que para eles é uma prisão. Enquanto a trama de Brad e Sarah trata do receio e da execução desses impulsos infantis, a trama do ex-pedófilo Ronnie McGorvey retrata as conseqüências de seus atos, mostando o preconceito que este sofre mediante ao medo da população (ver cena da piscina, repulsiva no modo com que Field a conduz, como se Ronnie fosse um tubarão mortal e o restante dos banhistas um bando de peixes). Mas Field, vai mais além ainda e se aprofunda também na vida de um dos preconceituosos que atacam Ronnie, Larry (Noah Emmerich). Contando com um passado obscuro (que lhe trouxe vários problemas psicológicos e um aposentamento precoce) e com vários problemas familiares, Larry se envolve praticamente de corpo e alma como líder do “comitê de pais preocupados” (leia-se: puros preconceituosos contra Ronnie). É comum, no entanto, que joguemos nossa raiva e frustração que sentimos na nossa vida pessoal sobre outras pessoas que não tem nada a ver com isso e é exatamente o que ocorre com Larry. Pode-se perceber isso no momento em que Brad fura com Larry, aonde este vai imediatamente à rua de Ronnie e começa a acordar os vizinhos, “alertando-os ao perigo que sofrem”. O motivo, mesmo que fraco, é contornado pela performance de Emmerich que lança um olhar em certo momento a Brad, como se sentisse raiva por não estar lhe dando atenção, sendo que este é quem lhe trouxe ao time de futebol americano.Enquanto isso, Sarah Pierce (Kate Winslet, na melhor composição de sua carreira que já assisti) é uma pessoa totalmente insatisfeita com a vida que leva e por isso faz o mesmo que Larry e joga toda a raiva que sente de si mesma para cima da filha Lucy (Sadie Goldsteine). É fácil constatar que ela estava extasiada com o fato de ser mãe quando estava grávida, como se realizasse o desejo de sua vida (a prova disso é que Sarah negou a contratação de uma babá, mostrando que queria ser uma mãe devotada a vida da filha), no entanto, com o passar do tempo cuidar de Lucy não parecia algo tão prazeroso e largar sua carreira fora um erro terrível. Para piorar, o marido Richard (Gregg Edelman) passava pouco tempo em casa e portanto Sarah tinha pouco tempo a dedicar a si mesma (e mesmo quando o marido estava em casa não podia contar com ele, devido ao fato deste se masturbar em sites pornôs – algo muito bem abordado por Field, mostrando que algo achado por acaso pode destruir ainda mais o elo de uam família). Em Brad, no entanto, via a possibilidade de finalmente dedicar um pouco de tempo a si mesma, a mera presença do homem já lhe dava alegrias que há muito tempo não sentia. Inclusive, Field faz uma bela e eficaz (porém óbvia) alusão ao clássico “Madame Bovary”, mostrando que Sarah apenas queria contornar a vidinha medíocre que possuía, ao lutar contra isso. Tirando da própria leitura feita pelo filme do livro, “há beleza e heroísmo na rebeldia dela”. E apenas pelo fato de não se dar por vencida, depois do resultado que sua vida obteve, “ela é uma feminista” que protesta pelos seus direitos e “pela sua recusa em aceitar uma vida infeliz”. Brad (Patrick Wilson, surpreendentemente talentoso) é um homem que claramente deixou de lado sua infância e adolescência. O motivo exposto pelo narrador fora a morte precoce da mãe. Assim sendo, é natural do ser humano querer fazer coisas impulsivas que no passado não pôde devido a imprevistos. Aliás, Field continua impressionando em sua inventividade ao pôr uma sutilidade no filme: o chapéu de arlequim de Aaron (Ty Simpkins) existe apenas quando o garoto está com o pai já denotando o aspecto infantil de Brad. Quando a mãe está em casa, o chapéu é deixado de lado. Além do mais, o caráter infantil de Brad é reforçado pela excitação ao entrar em um grupo de futebol americano (apenas o ato de aceitar já demonstra que: a) sua vida é vazia; ele ainda possui impulsos infantis não saciados) ou por deixar de lado os estudos e passar a observar os skatistas, querendo ser aceito pelos mais jovens. Em Sarah, ele esperava apenas algo totalmente inconseqüente que lhe tornasse mais vivo (vide o olhar de Brad ao escutar da esposa “experimentar novas coisas o tornava mais vivo”) e que lhe remetesse aos anos que perdera em sua adolescência (não é à toa que Brad convive tão bem com o filho: pois compreende a sua natureza infantil).Enquanto isso, Ronnie também é muito fascinante. Inicialmente mistificado como algo digno de perigo naquela cidadezinha, ele se revela incrivelmente humano. Ronnie age como se ainda estivesse preso (como o narrador sugere em certa parte), sem poder se divertir ou sentir o prazer da vida e dessa forma, se volta para a mãe May (Phillys Somerville, divina). Ainda assim, Ronnie parece preso com ela, baixando a cabeça para todo e qualquer desejo que sua mãe quer e sem fazer grandes contestações, como ao aceitar pôr um anúncio no jornal para um encontro ou ao comer tudo o que a mãe lhe oferece (aliás, qualquer dúvida que ainda resida sobre essa postura maleável de Ronnie será rapidamente resolucionada devido a performance de Jackie Earle Haley que infantiliza seu personagem na medida certa, tornando-o uma pessoa humana). Além disso, como Brad e Sarah, Ronnie possui impulsos imprevisíveis. Ao masturbar-se no carona com a acompanhante do encontro, Ronnie não se masturbava em função da possível molestação que sua acompanhante sofrera. Não, ele estava olhando para uns brinquedos do parque e depois de ter sido “atiçado” por crianças no restaurante o qual jantou, Ronnie não agüentou e teve que fazer aquilo. Também é necessário reconhecer alguns outros acertos do diretor, como a narração do filme, que denota claramente a origem literária do projeto, com sua linguagem afinada e comparações inteligentes. A narração fora utilizada com disciplina e brilhantismo: ao mesmo tempo em que é um método inteligente de desenvolver e transcorrer o filme, além de torná-lo bem mais fluído. Uma cena em particular que me deixou boquiaberto fora a cena do jantar, que junta quatro experientes atores, exibindo uma química admirável, além de apresentar o melhor momento do longa: quando Kathy descobre a relação de Brad e Sarah, o olhar e a expressão de Jennifer Connelly são admiráveis. Assim, a visita da sogra de Brad foi armada por Kathy, como forma de espionar tudo o que acontecia entre ele e Sarah. Como a sogra não havia encontrado nada de estranho, não foi (e Connelly mais uma vez se destaca, pela entonação com que diz “Parece que você vai sozinho”, mesclando insatisfação e medo com um tom normal). E isso para não falar em tantas outras composições criativas de Field, como a impaciência de Sarah para com Richard (que estava na pornografia) ao subir a casa dia mais degraus da escada ou da passagem de tempo na piscina.E ainda, Little Children possui um final perfeito. A metáfora do skate é perfeita: Brad vai correndo em encontro com os skatistas que finalmente lhe dão a tão sonhada atenção que desejava. Então realiza algo que consegue saciar todos os seus impulsos infantis e nota que a fuga seria algo burro a se fazer. Sarah por sua vez, ao esperar por muito tempo Brad, encontra Ronnie. Ela começa a sentir pela vida de sua filha e quando esta foge, se desespera e percebe a mãe ruim que tem sido e a boa filha que Lucy. Ronnie por sua vez, numa tentativa desesperada de cumprir o que a mãe lhe pediu, se castra, no intuito de jamais praticar pedofilia, enquanto Larry vai até sua casa desculpar-se, repleto de remorso. Em uma tentativa de desculpar-se por tudo o que fez contra os McGorvey, ajuda Ronnie e o leva para o hospital. Todos enfrentam situações que implicava em algo que não tinham, mas que a partir daquele momento passaram a ter. Sarah e Brad amadurecem, Ronnie deixa seus impulsos de lado e Larry deixa de ser preconceituoso. Preste Atenção: Nas sutilidades lançadas no filme, como as que já apontei. Mais um exemplo: a cena onde Lucy observa um poste de luz onde moscas colidem umas nas outras e no poste. Representa os conflitos internos de todos os personagens durante o terceiro ato.Nas atuações de todo o elenco. Filmes como Little Children sustentam-se em função das atuações e aqui são todas homogeneamente brilhantes. Aqui olhares valem por mil palavras, gestos são sutis e as expressões do rosto são armas fundamentais nas composições dos atores.O que já se disse: “O filme lhe puxa como uma força magnética” – Peter Travers, Rolling Stones.Porque Não Perder: É um filme humano e belíssimo, que ao mesmo tempo em que retrata os dilemas de duas pessoas realistas, demonstra uma sensibilidade incomparável.Curiosidades: Livro de Tom Perrota: Criancinhas de Tom Perrota.Depois de escrever diversos romances bem recebidos pela crítica incluindo Eleição, que em 1999 deu origem a um elogiado filme com Reese Witherspoon e Matthew Broderick, o escritor americano Tom Perrotta alcança em Criancinhas sua maturidade como escritor. Neste livro o primeiro do autor publicado no Brasil Perrota constrói um pequeno grande romance da rica América suburbana e suas neuroses. Os personagens que ele criou para seu romance são homens e mulheres na faixa dos trinta anos, pais de filhos pequenos, cujas vidas previsíveis os tornam extremamente vulneráveis a qualquer elemento inesperado. Há Todd, o pai bonitão que não trabalha fora e foi apelidado de "Rei do Baile de Formatura" pelas mães do parquinho, e sua mulher, Kathy, cineasta que faz documentários e inveja a relação que Todd conseguiu estabelecer com o filho. Há Sarah, uma jovem mãe que, na universidade, fora uma ativista feminista e, hoje, constata surpresa que se tornou uma esposa típica num casamento tradicional, e seu marido, Richard, que se torna cada vez mais envolvido com uma vida de fantasia na internet do que com sua própria mulher e filha. E há ainda Mary Ann, que tem toda sua rotina meticulosamente organizada, incluindo o sexo com o marido, agendado para as terças às nove da noite.Todos criam seus filhos na tranqüilidade de um típico subúrbio americano rico, onde nada jamais parece acontecer até que um pedófilo recém-libertado da prisão volta para a cidade e espalha uma onde de paranóia pelo bairro. Ao mesmo tempo, Sarah e Todd começam um caso extraconjugal que vai além do que qualquer um dos dois teria imaginado. Escrito com a sensibilidade e o humor negro que caracterizam a obra de Tom Perrota, Criancinhas expõe um lado inusitado e perigoso de um mundo supostamente familiar. Dados do DVD:Formato fullscreen;Som Dolby Digital 5.1 ou 2.0.Extras:Trailers dos filmes Número 23, A Pele e Um Crime de Mestre. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Jailcante Posted September 14, 2007 Members Report Share Posted September 14, 2007 E começou o Cineclube 3ª Temporada!Bem-Vindo, Nacka, de volta ao batente! E Parabéns ao Bern@rdo pela vitória no Cinéfilo - 2ª Edição! Como prometido está aí sua resenha postada no Cineclube. Todos podem agora comentar tanto a resenha, como a vitória do Bern@rdo. Vamos lá, povo! E só lembrando: AGENDA DO CINECLUBE - SETEMBRO/2007 24/09 - Jailcante - A Missão RELAÇÃO DAS DEMAIS RESENHAS (datas a definir): 1 - Dook - Psicose II 2 - Silva - Marte Ataca 3 - Silva - Tropas Estrelares 4 - Rike - Maria Antonieta 5 - rubysun - Lawrence da Arábia 6 - Alexei - A Liberdade É Azul 7 - ltrhpsm - A Igualdade É Branca 8 - Garami - Três Enterros 9 - BatGody - Colateral 10 - Connie - Porky's: A Casa do Riso e do Amor 11 - Nacka - Duna 12 - Faéu - O Gigante de Ferro 13 - El Pato - Boogie Nights 14 - Vicking - Fargo 15 - FeCamargo - Eclipse de Uma Paixão 16 - EdtheTrooper - Réquiem para um Sonho 17 - Thiago Lúcio - Filme a Definir ÍNDICE DAS RESENHAS Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler) Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala) Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo) Página 28 = Silva (Amnésia) Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo) Página 37 = Alexei (Fale Com Ela) Página 39 = Engraxador - El Pato (Peixe Grande) Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste) Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial) Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo) Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva) Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição) Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha) Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência) Página 53 = Forasteiro (Dogville) Página 54 = Dook (Cidadão Kane) Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia) Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor) Página 59 = Jailcante (Huckabees – A Vida é uma Comédia) Página 60 = ltrhpsm (O Homem que não estava lá) Página 61 = silva (Crepúsculo dos Deuses) Página 62 = Troy Atwood (Beleza Americana) Página 63 = Noonan (Herói) Página 68 = Alexei (Blow Up - Depois Daquele Beijo) Página 70 = Fernando (Moulin Rouge - Amor em Vermelho) Página 71 = Thico (Sonata de Outono) Página 73 = Th@t@ Patty (A Casa de Areia e Névoa) Página 74 = Garami (A Criança) Página 75 = The Deadman (Touro Indomável) Página 76 = J. de Silentio (O Novo Mundo) Página 77 = Veras (Os Bons Companheiros) Página 81 = Bern@rdo (Pecados Íntimos) Pàgina 81 = EdTheTrooper (Cidade dos Sonhos)Jailcante2007-09-17 21:01:59 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 14, 2007 Members Report Share Posted September 14, 2007 Primeiro, parabéns bernardo tanto pelo Cinéfilo como pela belíssima resenha. Apesar de ser o único filme dirigido pelo Todd Field que eu vi, já o admiro muito, pois esse filme como você já disse é cheio de sutilezas e o principal dele como você também destacou são os olhares que falam por mil palavras, gostei muito da resenha você falou algumas coisas que eu nem havia reparado, algumas metáforas por exemplo e realmente destacou o que tinha pra se destacar do filme. Eu gostei muito do filme e principalmente da história do Pedófilo que pra mim aquele final é espetacular, acho que Field conseguiu fazer algo incrível com seus espectadores, fazer com que no começo do filme a grande maioria sentir um certo "desprezo" pelo personagem de Jack Earle Haley (que faz uma das melhores atuações do ano) e ao fim do filme faz os nós nos sentirmos até certo ponto culpados por ter julgado precocemente Ronnie que ao longo do filme se revela muito mais "humano" do que pensávamos. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members bat Posted September 15, 2007 Members Report Share Posted September 15, 2007 Gosto bastante deste. Algumas coisas me incomôdam (a narração) mas no computo geral o saldo é positivo. Acho a atuação do "protagonista" pífia tbm, mas a história é sem dúvida interessante e até mesmo corajosa. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Tbm não curti muito a atuação. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nacka Posted September 17, 2007 Author Report Share Posted September 17, 2007 Confesso que foi um trabalho hérculeo "arrumar" esta resenha, ligeiramente fora dos padrões utilizados no Cineclube. Minha opinião? Acho que finalmente aqui teremos alguma coisa para comentar, não necessariamente sobre o filme. O que será ótimo. As partes em itálicos são as impressões pessoais do Ed sobre a cena analisada. Cidade dos Sonhos - David Lynch (por EdTheTrooper)<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = O /> Filme: (Cidade dos Sonhos) Mulholland Drive, (EUA): 2001 Direção: David Lynch Com: Justin Theroux, Naomi Watts, Laura Harring (Rita) Ann Miller, Dan Hedaya,Mark Pellegrino, Brian Beacock, Robert Forster, Michael J. Anderson, Angelo Badalamenti Scott Coffey. : Um acidente automobilístico na estrada Mulholland Drive, em Los Angeles, dá início a uma complexa trama que envolve diversos personagens. Rita (Laura Harring) escapa da colisão, mas perde a memória e sai do local rastejando para se esconder em um edifício residencial que é administrado por Coco (Ann Miller). É nesse mesmo prédio que vai morar Betty (Naomi Watts), uma aspirante a atriz recém-chegada à cidade que conhece Rita e tenta ajudar a nova amiga a descobrir sua identidade. Em outra parte da cidade o cineasta Adam Kesher (Justin Theroux), após ser espancado pelo amante da esposa, é roubado pelos sinistros irmãos Castigliane Entendendo Cidade dos Sonhos: (A partir de agora só leia se já viu o filme, e um conselho: Após ler tudo, tente rever o filme, lhes garanto que será totalmente diferente e amplamente satisfatório) Diane uma aspirante a atriz, faz um teste para participardo filme “A História de Sylvia North”, mas não é aceita pelo diretor, Bob Rooker, que acaba escolhendo Camilla Rhodes para o papel principal porém, Diane e Camilla acabam se tornando amigas e, eventualmente, amantes sendo que esta última, agora uma atriz de sucesso, freqüentemente arruma pontas para a namorada em seus filmes. Após receber uma herança deixada por sua tia (Ruth), Diane viaja para Los Angeles para tentar se tornar atriz. Infelizmente, nem tudo da certo para as duas: Durante as filmagens de um novo filme, Camilla se envolve com Adam Kesher, o diretor do filme. Com ciúmes, Diane começa a brigar com Camilla - até que uma noite é convidada para uma festa na casa de Kesher, sem saber que será obrigada a testemunhar o anúncio do casamento de sua amante e o diretor. Humilhada, Diane decide contratar um assassino para executar Camilla, pagando com a herança de sua tia pelo serviço. Depois de receber o dinheiro e pegar uma foto de sua vítima, o Assassino diz que Diane encontrará uma chave azul em seu apartamento quando tudo estiver terminado, alguns dias depois a garota recebe o aviso. No entanto, cheia de remorso, ela tem longos sonhos envolvendo Camilla e, mesmo quando acordada, não consegue parar de pensar no que fez. Torturada pelas lembranças e pela crueldade de seus atos, Diane finalmente comete suicídio. Interpretando Cidade dos Sonhos: Separei o filme em cenas pra haver um entendimento melhor. Cena 1 – O Início do Fim A primeira cena do filme, começa com vários casais idênticos dançando ao som de “Jitterbug”, mas logo em seguida uma imagem se sobrepõe imagem esta da Protagonista com seus pais e dela com seu “Amor” ambas Sorridentes. Em relação aos casais, eles representam à questão da identidade, uma dúvida de praticamente todos os personagens. Minha opinião é de que esse é um pequeno primeiro sonho da nossa protagonista, pessoas dançando com alegria sem se preocuparem com problemas e sem remorsos (condição de que Diane deseja), quando infelizmente aquele assunto que você não conseguia tirar da cabeça antes de durmir começa a se sobrepor, e aquele breve momento de alívio vai fadando quando aquela imagem (ela com seus “pais” e com Cammila) vem à tona e se sobrepõe (como se fossemos durmir pensando em algo e sonhássemos com isso). Lembrem também que ela começou a sonhar em ser atriz, após ter ganhado um concurso de dança (talvez aí uma relação à dança). Cena 2 – Começo do “Sonho” Ao som de uma respiração amedrontada uma cena se passa num quarto, uma cama mais precisamente, indicando o início de um pesadelo talvez? Se não bastasse isso a imagem se aproxima do travesseiro e vai se apagando simbolizando o começo de um sonho. Repare já o uso intenso da cor vermelha e azul, que será usado fortemente ao longo do filme. Cena 3 – Evitando a Morte Ao som da música principal, um carro numa rua chamada Mulholland Drive, rua esta sombria e abandonada, leva-nos a nossa segunda personagem “Rita”, quando de repente um acidente acaba matando o motorista e o carona, e Rita apenas perde a Memória e foge para uma casa. Acho que essa foi a maneira de Diane, salvar sua amada e fazer com que ela esquecesse tudo, para poder reconquistá-la. Logo depois policiais daqueles típicos da TV, encontram um Brinco de Rita no Carro, e desconfiam de ter uma pessoa desaparecida. Policiais típicos, pois são criados por Diane, que acaba por usando uma imagem bem comum de policiais. Cena 4 – Winkies Dois homens conversando num restaurante, um deles revela que sonhou com aquele mesmo lugar duas vezes, e confessa ter muito medo, pois viu uma pessoa assustadora nos fundos. Ele resolve ir verificar, e acaba se debatendo com uma figura assustadora e morre seu amigo que o acompanhou não vê absolutamente nada. Aqui isso representa o medo que a nossa protagonista tem da morte, figura esta representada por um “mendigo” sujo e assustador, mas falaremos mais dele adiante. Cena 5 – “Máfia” Temos uma breve cena, de vários telefonemas, de pessoas que procuram por uma morena desaparecida (Rita).Aqui nossa protagonista adiciona um pouco de mistério em seu sonho e repare também um cenário totalmente diferente, onde há somente um gangster no meio da sala, e você não consegue enxergar os cantos (como se fosse um sonho em que você não lembra o cenário todo). E mais uma vez o uso exagerado de azul e vermelho. Cena 6 – Pais? Betty chega a Los Angeles em uma felicidade muito aparente acompanhada de um casal de velhinhos, e a senhora diz a Betty: - Esperamos ver você em breve nas telas algo que podemos chamar de pressão familiar. Enfim, temos aqui uma mulher que está alcançando seus sonhos chegando a uma cidade para um suposto Teste para um filme. Logo depois Betty embarca em um Táxi e vai para casa da sua tia, que supostamente foi viajar e deixou Betty ficar em sua casa. Assim como Betty, o casal de velhinhos está semelhantemente alegre, indicando aqui de novo essa relação forte de um possível parentesco (mas falaremos desse casal mais adiante) Cena 7 – A 2ª Chance Chegando ao condomínio de sua tia, Betty conhece Coco (que na realidade é a mãe de Adam Kesher (Diretor)) que lhe introduz à casa de sua tia, lugar onde Betty acaba encontrando Rita (que se auto-nomeia Rita, pois lê em um pôster no quarto de Betty), que estava se limpando dos ferimentos da batida de carro, e também encontra um presente de sua tia, um roupão vermelho muito bonito (lembre-se deste roupão que mais tarde veremos uma relação). Temos aqui o reinício de uma relação, e já é possível perceber um brilho no olho de Betty (lindamente interpretada por Naomi), que começaria a se apaixonar por Rita, ou melhor, se re-apaixonar. Cena 8 – A Decepção de um Diretor Nessa cena temos a introdução de Adam Kesher - diretor bem sucedido que está com um projeto muito promissor – estão todos sentados em uma mesa típica de reuniões e estão decidindo quem colocarão no papel feminino principal do novo filme de Kesher, mas aqui supostos mafiosos forçam Adam a escolher Cammila Rhodes (que na vida real é Rita, mas no sonho é uma loira que discutiremos mais adiante), Adam não se deixa ser Manipulado e acaba sendo ameaçado de perder o controle do filme, mas mesmo assim deixa a sala de reuniões e desconta a raiva no carro dos mafiosos com seu “delicado” taco de golfe (Leia em curiosidades uma relação desse fato). A História de Adam é mais um espaço que Lynch encontrou nessa película para criticar “Hollywood” (que todos sabemos muitas vezes ocorre fatos semelhantes ao que aconteceu nessa cena, a “corrupção”), e no sonho de Diane o significado nós veremos mais adiante. As cenas do filme que contam história de Adam Kesher e do Assassino de Aluguel, em minha opinião são típicas de um filme do tipo “Tarantino”, gangsters misturados com comédia e ação, até o estilo de música se assemelha a esses filmes. Cena 9 – O Assassino Dois homens conversando amigavelmente quando de repente Joe Messing (O Assassino), pergunta sobre um suposto livro preto e seu amigo mostra a ele, nesse momento Joe assassina seu amigo e ao tentar forjar um suicídio dispara a arma na parede, que atravessa e acerta uma mulher, no fim de tudo ele acaba matando três pessoas ao invés de uma, e ainda dispara o alarme, mas depois pega o livro preto e foge. Depois disso ele aparece conversando com certos contatos (uma prostituta de rua), a procura de uma morena desaparecida (Rita). Outra cena típica, que me lembra de uma cena em Pulp Fiction, que John Travolta acerta acidentalmente um cara no carro, enfim essa cena foi uma maneira de Diane criar uma história para o Livro preto que vos falarei mais adiante (Cena 25). E ele está procurando Rita, pois como veremos em breve, ele foi contratado para matá-la. Cena 10 – Amnésia Rita diz a Betty que perdeu toda a memória, e Betty diz que vai ajudá-la a lembrar de tudo, nesse momento Betty sugere que Rita abra sua bolsa, para ver se não há nada que possa identificá-la, ao invés disso encontra apenas dinheiro e uma chave azul. O Dinheiro como sabemos é o dinheiro que na vida real, Diane herdou de sua tia e usou para pagar o assassino de “Rita” (Cammila Rhodes na vida real). A Chave, era a indicação de que Cammila havia sido executada, como veremos mais adiante. Cena 11 – Se divertindo? Adam Kesher, após chegar a sua casa, acaba encontrando sua mulher lhe traindo, resolve então jogar tinta nas jóias de sua mulher, feito isso ele acaba apanhando do homem que estava com sua mulher, e sendo expulso de sua própria casa. Diane está só se divertindo do sofrimento de Adam, mas é fato que o diretor foi traído, como ele contará mais adiante na cena da Festa. Perceba também que na piscina até as cadeiras são azuis e vermelhas. Cena 12 – Vamos fingir que somos outras pessoas? Betty tenta ajudar Rita, e sugere: - Vamos pedir informações para saber se houve um acidente ontem Mulholland Drive (Rua que Rita lembrou o nome), vamos vai, vai ser legal fingir que somos outras pessoas. Depois de confirmar que houve mesmo um acidente, Rita durante uma conversa no restaurante Winkies (mesmo abordado anteriormente), lembra de um nome, Diane Selwyn. Depois elas conseguem o número do telefone da residência de Diane Selwyn e resolvem ligar, Betty diz: - Como é estranho ligar para si mesma... Mas cai na secretária eletrônica, uma mensagem gravada por Diane mesmo. Aqui Lynch lança varias dicas para o espectador tentar perceber toda a trama. Repare também no nome da Garçonete da Lanchonete, Diane, que na verdade é o nome de Betty na vida real, e na vida real o nome da Garçonete é Betty, há aqui uma troca proposital de identidade. Cena 13 – Marcando encontro Um gangster vai à casa de Adam a sua procura, mas não o encontra, e acaba tendo que bater na mulher de Adam e seu amante. Outra cena Tarantinesca, com uma musicalidade já abordada antes em cenas semelhantes (desconfio que a personagem de Diane gostasse de filmes de gangsters, como quase todo cinéfilo). Adam Kesher tenta se esconder dos supostos gangsters e vai a um apartamento bem vagabundo de L.A. quando acaba descobrindo que está falido já foi descoberto. Pelo telefone falando com sua secretária acaba marcando encontro com o “Caubói”, nessa mesma cena Adam esnoba sua secretária que havia convidá-lo para ficar em seu apartamento. O personagem de Adam mesmo falido prova de sua arrogância ao rejeitar o convite de sua secretária (Diane tenta mostra-lo como um personagem típico rico esnobe). Cena 14 – Betty? Voltando a nossa protagonista, uma velha bate a porta e avisa Betty de que alguém está em perigo, e ainda diz a Betty que seu nome não é Betty. E Coco, nessa cena entrega a Betty o roteiro do Teste que Betty iria. Lynch lança outra dica ao espectador, e o perigo, acredito que se refira à futura morte de Cammila. Cena 15 – O encontro Adam foi se encontrar com o Caubói, este lhe diz que as atitudes de um homem traçam seu caminho. E após dizer isso o força agora mais convincentemente de escolher Cammila Rhodes para o papel principal em seu filme. Aqui apesar de a frase “As atitudes de um homem traçam seu destino” apresenta um valor moral, Adam acaba cedendo à pressão, mostrando-se moralmente fraco. Repare também o visual intimador do Caubói, que não tem sobrancelhas nem cílios. Cena 16 – Ensaiando Na cena em que Betty e Rita estão ensaiando para o Teste da manha seguinte, repare mais uma vez no uso de tons vermelhos, e também no amor que começa a ficar cada vez mais forte. Já no outro dia mostra Betty num lugar aparentemente perfeito para fazer seu teste para um papel em um filme. O uso intenso de tons de vermelho, rosa marrom e vermelha, e azul ao longo do filme, em minha opinião é porque talvez essas sejam as cores preferidas da nossa Protagonista, como se fosse um filme em que você é o diretor e escolhe o fundo as cores, assim como a música e o roteiro. Pode haver também um significado mais simbólico: O azul costuma estar associado à frieza, tristeza, depressão, monotonia. O vermelho é uma essencialmente quente, transbordante de e de agitação, na biblia sagrada é revelado como a cor do pecado é uma cor exaltante e até enervante e também representa o luto na , por analogia ao sangue de . Cena 17 – Bob Rooker No teste, algumas pessoas aqui são de importante destaque, como por exemplo, Lynne James que é dita ser de um nível superior ao resto da sala e tem a função de ajudar a escolher os atores para o filme. Apesar de Betty representar uma cena maravilhosamente e conseguir o reconhecimento dos outros, um deles, o diretor, que só falava coisas sem sentidos, não aparenta ter gostado de Betty e ainda fala que a cena foi meio forçada. Mas depois de se retirar Lynne diz que apresentara Betty a um diretor (Adam Kesher) que está acima dos outros, inclusive de Bob Rooker. Diane quis se mostrar uma boa atriz, indicou aqui que não foi reconhecida por esse diretor (que também voltaremos a falar adiante), mas no sonho quis se fazer especial e adicionou Lynne James à história, querendo se mostrar superior ao nível do diretor. Cena 18 – Fama trocada por Amor Quando Betty chega ao outro auditório, de Adam Kesher, aqui mostra Adam aceitando Cammila Rhodes como papel principal, mas antes disso também ele é pressionado por outra atriz que pede pra que ele a contrate-a, decisão que ele foi obrigado a tomar. Betty que já estava ali volta para casa, pois havia combinado de ajudar Rita. Percebam ai que Lynch mostra nessa cena a pressão que os diretores sofrem, na parte em que uma das atrizes, uma estrela, diz que seu agente não vai parar de ligá-lo até ele contratá-la? Reparem também que Betty prioriza Rita ao invés de conhecer um diretor bom, ou seja, troca uma possível chance de sucesso por seu amor. Cena 19 – Enfim juntas Betty e Rita resolvem ir ao endereço de Diane Selwyn (suposta companheira de quarto de Rita) chegando lá há dois policiais à porta do condomínio, mesmo assim elas entram e vão até a casa de Diane, mas são avisadas por uma mulher de que Diane trocou de casa com esta mesma mulher, quando vão à outra casa encontram um corpo de uma mulher loira, e Rita entra em pânico. Depois voltam para casa e Rita resolve se disfarçar com uma peruca loira, aqui temos a primeira cena de amor entre as duas. A suposta troca de casa de Diane e essa outra mulher, a meu ver é porque Diane não suportava mais ficar na casa na qual por tudo que olhava se lembrava de Cammila. O uso de peruca envolve mais uma vez a questão da identidade, talvez Diane depois de ter mandado matar Cammila tenha pensado subconscientemente em se disfarçar (lembrem que na vida real Diane estava mesmo sendo procurada por policiais). Reparem também que mesmo na cena de amor das duas, quando Betty diz “Im in love with you” (estou apaixonada por você) ela não é correspondida, ou seja, nem no sonho ela realmente foi correspondida. Cena 20 – Clube Silêncio Betty acorda com Rita pedindo para ir a um Clube, chegando lá há um show de bizarrices, primeiro um homem dizendo que tudo é uma ilusão, depois uma mulher cantando “Llorando” (chorando) e esta acaba caindo morta. Depois disso Betty encontra em sua bolsa uma caixa azul, com uma entrada para uma chave, chave esta que estava na bolsa de Rita. E mais uma vez o uso intenso do Vermelho e azul, e o homem que dizia que era tudo uma ilusão é mais uma prova ao espectador de que é tudo um sonho, esse homem a meu ver é a representação do Mal (“Diabo”), e nesse momento repare o medo intenso de Betty, que começa a tremer, mostrando-se aqui com medo da morte e com peso na consciência. A letra da música Llorando representa os sentimentos de Betty (Diane) por Rita (Cammila), e quando a mulher (repare na semelhança da roupa dela com a que a tia de Diane lhe deu no começo do filme) cai no chão representa a morte desse amor junto com a morte de Cammila na vida real. Essa é uma das cenas mais tristes do filme, Betty e Rita ficam de mãos dadas o tempo todo e as duas estão chorando. Cena 21 – Acordando Wake up (Acorde), diz o Caubói e vemos aqui uma protagonista profundamente alterada (perfeitamente interpretada por Naomi), acordando com som de alguém batendo na porta, acordando profundamente perturbada, pois lembrará do sonho. Atendendo a porta, sua vizinha vem recolher umas coisas que havia esquecido em casa (lembre-se que elas trocaram de casas), e nessa cena mostra a chave azul na mesa de Diane. E também mostra nossa protagonista tendo ilusões com sua amada Cammila. Essa é cronologicamente a penúltima cena do filme, que será encaixada pela última (Cena 26), onde mostra Diane perturbada, pois havia percebido o que fez, acaba tendo visões com Cammila, mas percebe que está tudo acabado. Aqui é importante destacar mais uma vez a excelente atuação de Naomi, que se transformou completamente do sonho para realidade. Cena 22 – Ciúmes A partir daqui começam a se esclarecer as coisas, onde percebemos que Diane faz na realidade pontas em filmes de Cammila, percebemos que Cammila está namorando com o diretor Adam Kesher, Diane está morrendo de ciúmes, pois ainda ama Cammila, esta tenta fazer nossa protagonista encarar os fatos, mas Diane não consegue se adaptar a nova realidade estabelecida “It’s not easy for me!!!” (não é fácil para mim) diz Diane. Cena 23 – Esperança Diane é convidada para uma festa com as pessoas do filme que Adam estava fazendo, Diane acaba indo à festa. Com falsas esperanças Diane aceita ir à festa, e se não fosse só isso Cammila ainda fala “isso é importante para mim”, pois saberemos adiante que ela anunciara seu noivado com Adam (mas é claro que Diane nunca imaginará isso). Repare também que a caminho da festa ela passa pela Rua Mulholland Drive, em um carro que é semelhante ao do início do filme. Cena 24 – A Festa Essa é cena além de ser visualmente, sonoramente e simbolicamente perfeita, é a mais importante do filme. Aqui é revelada praticamente toda a trama de Cidade dos Sonhos, temos Adam Kesher e Cammila totalmente apaixonados, Diane a beira de um ataque, temos também praticamente todas as pessoas do filme: Caubói: Diane vê essa figura na festa, que não é comum ao estilo da festa, e depois acaba adicionando ele inconscientemente ao seu sonho. Homem que cuspiu o café: Esse aqui ela vê lhe encarando enquanto ela tomava café, daí a relação dele com café no sonho. Coco: Que na realidade é mãe de Adam Kesher. Mulher loira: é uma garota que beija Cammila, causando ciúmes em Diane que posteriormente colocaria ela em seu sonho, com nome de Cammila Rhodes. Percebam nessa cena a ótima representação de Naomi Watts que consegue passar tudo que sente sem se quer abrir a boca. Também nos é revelado como Diane conheceu Cammila, ambas disputaram o papel principal no filme “Silvia North Story” que acabou ficando com Cammila como principal, mas se tornaram amigas e amantes e Cammila lhe arranjou pontas em alguns filmes, outro fato curioso é que o nome do diretor desse filme é Bob Rooker, o mesmo que no sonho de Diane não percebe o grande talento que ela tem (fato que realmente aconteceu). Nessa cena também descobrimos que a tia de Diane na verdade morreu, e lhe deixou dinheiro (que será usado para contratar o assassino de Cammila).Diane Conta porque queria se tornar atriz, diz que vem de Deep River Ontário (nome dos apartamentos do filme Veludo Azul, outro filme de Lynch). Depois temos o anúncio do casamento de Cammila e Adam Kesher, que causa uma fúria em Diane (mais uma vez destacando a ótima interpretação de Naomi). Cena 25 – A Encomenda Essa cena se passa de novo na lanchonete Winkies, aqui vemos Diane contratando o assassino que se encarregará de matar Camilla, vemos também o nome da garçonete, que na realidade é Betty, e também o significado da chave azul (simboliza a confirmação da morte de Cammila). Diane também vê um homem assustado olhando para os fundos. Reparem no livro preto que está na mão do Assassino - livro que Diane inconscientemente cria aquela história em seu sonho do assassino que vai atrás do livro – percebam também de onde Diane tira seu nome fictício, e também o homem assustado, que já abordei anteriormente. Cena 26 – O fim de um Sonho Aqui já é a continuação da cena “<?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />21”, e eventualmente a última cena do filme. Primeiro vemos a imagem do mesmo mendigo já aqui abordado “brincando” com a caixa azul, depois vemos Diane em seu sofá com os olhos cheios de lágrimas e arrependimento, depois aquele casal de velhinhos do início do filme aparecem e Diane começa a berrar até por fim se suicidar, logo depois do suicídio vemos novamente a imagem do “mendigo” e depois vemos a imagem de Diane ao lado de Cammila. Depois ainda temos a aparição da misteriosa mulher de cabelo azul, dizendo: - Silêncio. Bom... Antes é preciso destacar a perfeição dessa cena, que com certeza é uma das cenas mais fortes e perfeitas já feitas, com uma trilha sonora perfeita, fotografia belíssima e atuação de Watts indescritível. Interpretando... O suposto mendigo que em minha opinião é representação da morte, literalmente brinca com a “vida” de Diane, aqui representada pela caixa azul, e por fim joga ela em um saco de lixo (simbolizando a morte de Diane). Uma indicação de que ele é a morte, é que ao seu redor reparem que há muita fumaça, a mesma fumaça que se espalha pelo quarto de Diane, quando ela comete suicídio, causado aqui por sua consciência representada pelo casal de velhinhos, que aparentemente são seus pais, ou por qual outra razão vocês me explicariam a foto acima? Logo após de ela se matar aparece novamente a imagem da Morte na tela, seguida por uma das seqüências mais tristes que já vi, na qual aparece Diane e Cammila juntas ao som de “Mulholland Drive – Love Theme” *. Depois ainda temos a aparição da mulher de cabelo azul que é com certeza a personagem mais difícil de interpretar, em minha opinião ela é o contrario do “mendigo” como se fosse o “Anjo” de Diane, que ao observar a vida de Diane (representada também pela peça de teatro) não se sente capaz de fazer nada (“As atitudes de um homem traçam seu destino”) e por fim diz: - Silêncio. *Aqui confesso a vocês que não pude agüentar e uma lágrima escorreu uma lágrima de tristeza e ao mesmo tempo de intensa emoção, esta por estar diante de uma Obra-Prima genial perfeita, e a tristeza causa de uma profunda pena por Diane Selwyn, interpretada magistralmente por Naomi Watts que me fez ficar emocionado como provavelmente nunca antes fiquei por algum filme. O que eu achei do filme: Filme me emocionou e me chocou como poucos filmes já o fizeram explorando a ambição as desilusões, as fraquezas e cada pedaço da personagem de uma maneira nunca antes tão aprofundada, e é impossível não se “apaixonar” pela história da protagonista assim como é impossível não ficar atordoado depois de ver uma Obra-Prima como essa. Por isso me dediquei tanto em fazer essa resenha. Gostei muito também da mensagem que ele passa principalmente para os artistas do cinema, mas também para todos os espectadores, e da realidade de que ele mostra que a vida sob luzes não é tão simples assim, como o amor também não é, também nos mostra qual é o peso da culpa em uma pessoa arrependida. Outros tópicos: Direção: Espetacular, vi várias entrevistas dos atores e todos diziam que nunca haviam trabalhado com um diretor tão dedicado e tão atencioso a todos como David Lynch, ganhou prêmio Cannes por sua direção além de vários outros prêmios. Fotografia e Edição: Espetacular e totalmente original, Peter Demming ganhou Independent Spirit Award e Mary Sweeney ganhou BAFTA Award pela Edição do filme. Roteiro: Maravilhoso, e foi o Lynch mesmo que fez... O cara é gênio ou não é? Trilha Sonora: Espetacular, principalmente as canções “Llorando” e Love Theme, que são espetaculares, ainda mais quando tocadas durante cenas tão emocionantes como as que foram exibidas. Atuações: Todas encaixaram perfeitamente com destaque é claro pra Naomi Watts que faz aqui sua melhor atuação, pelo menos até onde eu vi, e também destaque para Laura Harring que interpreta sua personagem com perfeição. Ambas ganharam diversos prêmios mundo afora. Por que não perder esse filme: Pois além de ser uma OP em todos os sentidos é um filme no qual você precisa pensar e não só assistir e também por mais 3 razões: 1- O filme é também uma crítica a “Hollywood” 2- Trata do amor não correspondido, algo que quase todos já passaram ou passarão. 3- E também mostra como o peso da culpa e arrependimento pode ser perturbador. Curiosidades: Esse filme foi dedicado para Jennifer Syme, uma jovem atriz cuja história é levemente semelhante a história vivida por Naomi Watts. É o último filme da atriz Ann Miller (Coco) Betty diz ser de Deep River Ontário (nome dos apartamentos do filme Veludo Azul, outro filme de Lynch) Laura Harring se envolveu em um acidente de carro a caminho do teste que faria para ver se entraria no filme. Quando Adam Kesher quebra o carro dos mafiosos com taco de golfe é uma referência a um famoso incidente em 1994 quando Jack Nicholson fez o mesmo, e por isso recebeu o apelido de “Mulholland Man”. Prêmios: Ganhou o BAFTA na categoria de Melhor Edição, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Trilha Sonora. - Ganhou o prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes. - Recebeu uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Diretor. - Recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. - Recebeu uma indicação ao Cesar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. - Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. - Independent Spirit Award para Peter Demming Nacka2007-09-17 14:30:13 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Renato Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Ed, dentre tantas cenas abordadas, você esqeceu de falar da melhor de todas: a masturbação de Naomi Watts... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Administrator Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 gostei da resenha do bernardo... muito boa. não li a do Ed, não vi Cidade dos Sonhos. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Ed' date=' dentre tantas cenas abordadas, você esqeceu de falar da melhor de todas: a masturbação de Naomi Watts...[/quote'] Melhor cena? Talvez para os punheteiros de plantão... Apesar de ser uma cena importante, foi só pra demonstrar a raiva, a culpa e a tristeza de Diane, não falei explicitamente da cena em si mas falei da "situação" digamos assim. Ahh e Nacka, foi minha primeira resenha tecnicamente, a próxima (se houver) já vai estar nos padrões do fórum, sorry . EdTheTrooper2007-09-17 15:42:56 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Renato Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 gostei da resenha do bernardo... muito boa. não li a do Ed' date=' não vi Cidade dos Sonhos.[/quote'] Herege Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Renato Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Apesar de ser uma cena importante' date=' foi só pra demonstrar a raiva, a culpa e a tristeza de Diane, não falei explicitamente da cena em si mas falei da "situação" digamos assim. [/quote'] As pessoas se masturbam quando estão com raiva e culpa? Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Apesar de ser uma cena importante' date=' foi só pra demonstrar a raiva, a culpa e a tristeza de Diane, não falei explicitamente da cena em si mas falei da "situação" digamos assim. [/quote'] Esqueci de falar apaixonada também. EdTheTrooper2007-09-17 15:47:08 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Jailcante Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 gostei da resenha do bernardo... muito boa. não li a do Ed' date=' não vi Cidade dos Sonhos.[/quote'] Herege Somos dois, já que também não vi... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nacka Posted September 17, 2007 Author Report Share Posted September 17, 2007 Ahh e Nacka' date=' foi minha primeira resenha tecnicamente, a próxima (se houver) já vai estar nos padrões do fórum, sorry [/quote'] Anotado... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Dan... Posted September 17, 2007 Members Report Share Posted September 17, 2007 Ed' date=' dentre tantas cenas abordadas, você esqeceu de falar da melhor de todas: a masturbação de Naomi Watts...[/quote'] Melhor cena? Talvez para os punheteiros de plantão... Apesar de ser uma cena importante, foi só pra demonstrar a raiva, a culpa e a tristeza de Diane, não falei explicitamente da cena em si mas falei da "situação" digamos assim. Ahh e Nacka, foi minha primeira resenha tecnicamente, a próxima (se houver) já vai estar nos padrões do fórum, sorry . essa é uma das cenas mais significativas no que diz respeito à ampliação do quadro emocional da personagem. não acredito que tenha sido "só para demonstrar raiva, culpa e tristeza" não. ela diz muita coisa sobre a angústia e a condição atual de Diane, somada ainda com algumas outras, passadas anteriormente, naquele mesmo sofá. e, por mais que tenha falado e falado, acredito que nem um quarto da beleza e da magnitude dessa obra-prima fora exposto nessa resenha. o grande "pulo do gato" do filme não é apenas a complexidade narrativa - que, claro, impressiona pela meticulosidade e pela impecabilidade, sempre. aliás, depois que se assiste a duas ou três vezes, depois de familiarizar-se com toda a construção que o Lynch faz com as seqüências e personagens, fica mais fácil de se ver o trabalho incrível do diretor por detrás dessa áurea de "filme difícil". é lindo demais.Dan...2007-09-17 23:43:20 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Scarlet Rose Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 Batí o olho na lista e já vi meu nome ali. Obrigada pela lembrança carinhosa, pessoal. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Mr. Blonde Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 olá pessoal! eu não sei se isso fere alguma regra desse tópico em específico, mas eu gostaria de fazer alguns comentários e expressar a minha opinião sobre o filme trabalhado na última resenha. abaixo, segue o resumo que escrevi quando desenvolvi a lista com os filmes da década atual. cidade dos sonhos é uma película maravilhosa, resplandecente em suas imagens misteriosas. ela brinca com nossa imaginação, deixando-nos sem a certeza do que acabamos de testemunhar e da influência do acontecimento na história. ninguém cria pesadelos cinematográficos tão bem quanto david lynch e esse é o seu mais intenso e assustador trabalho. aproveitando agora que tenho mais tempo para desenvolver o assunto e na minha opinião, se você não assistiu ao filme deve parar de ler agora, achei cidade dos sonhos um trabalho bastante subversivo e transcendental. ele foi exibido pela primeira vez no festival de cannes, no ano de dois mil e um e até hoje inúmeras teorias tentam desvendar o seu enredo. o fato, é que é muito difícil alguém chegar à conclusão do mistério assistindo o filme logo na primeira vez. poucos filmes foram tão corajosos quanto cidade dos sonhos, ao transformar uma história tão simples em uma obra prima. a trama central do filme é meio sem graça e bastante banal. um ou outro elemento mais interessante poderia gerar mais excitação ou polêmica, como o lesbianismo vivido entre naomi watts e laura harring, mas david lynch renovou para sempre a estrutura narrativa ao embaralhar situações verdadeiras com cenas irreais, num delírio hipnótico que desafia nossas mentes a imaginar mais de uma possível interpretação. olhando superficialmente, nada de muito anormal. a história parece girar em torno de uma jovem canadense, que chega a hollywood com o sonho de tornar-se uma grande atriz. ela irá se hospedar na casa de uma tia que está saindo de viagem. chegando lá, encontra uma mulher bastante assustada que afirma que se chama rita. depois de fazer uma ligação, ela é informada que rita não está falando a verdade e ao tentar resolver o problema, descobre que a moça perdeu a memória em um acidente de carro. isso dá início à uma busca pela verdadeira origem da garota e é partir daí que as coisas começam a ficar estranhas. personagens intrigantes começam a surgir, como um cineastra que está buscando o elenco para uma nova produção, um assassino profissional em busca de uma agenda de endereços, um caubói dono de um racho que fica no meio da cidade, mafiosos estranhos que cospem café, um monstro que se esconde em uma lanchonete, um cadáver em decomposição, uma espécie de anfiteatro que apresenta números sinistros de música e mágica. imaginem a salada! os trabalhos de david lynch normalmente recebem o título de esquisitos ou doidos e ele fez questão de provar que a teoria realmente procede. claro, que o filme soa muito mais indecifrável do que veludo azul ou coração selvagem, mas não chega a ser tão hermético como a estrada perdida. o que pode-se dizer, é que ele deu um nó na trama e contou uma fábula sobre ambição, inveja e ciúmes, tão perfeita quanto um conto de fadas ou uma tragédia de shakespeare. a busca pelo poder, que provoca a morte do ser amado e o arrependimento fatal. uma grande combinação. na minha opinião, filmes assim dispensam uma justificativa. a incógnita não é um problema e sim um mérito. decifrá-los logo de cara poderia colocar tudo a perder. mesmo assim, nem tudo que aparece na tela deve ser levado em conta, é justamente a consciência pesada de uma das personagens que provoca o surgimento dessas figuras inquietantes, transformando os sonhos em verdadeiros pesadelos. literalmente! Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 Ed' date=' dentre tantas cenas abordadas, você esqeceu de falar da melhor de todas: a masturbação de Naomi Watts...[/quote'] Melhor cena? Talvez para os punheteiros de plantão... Apesar de ser uma cena importante, foi só pra demonstrar a raiva, a culpa e a tristeza de Diane, não falei explicitamente da cena em si mas falei da "situação" digamos assim. Ahh e Nacka, foi minha primeira resenha tecnicamente, a próxima (se houver) já vai estar nos padrões do fórum, sorry . essa é uma das cenas mais significativas no que diz respeito à ampliação do quadro emocional da personagem. não acredito que tenha sido "só para demonstrar raiva, culpa e tristeza" não. ela diz muita coisa sobre a angústia e a condição atual de Diane, somada ainda com algumas outras, passadas anteriormente, naquele mesmo sofá. e, por mais que tenha falado e falado, acredito que nem um quarto da beleza e da magnitude dessa obra-prima fora exposto nessa resenha. o grande "pulo do gato" do filme não é apenas a complexidade narrativa - que, claro, impressiona pela meticulosidade e pela impecabilidade, sempre. aliás, depois que se assiste a duas ou três vezes, depois de familiarizar-se com toda a construção que o Lynch faz com as seqüências e personagens, fica mais fácil de se ver o trabalho incrível do diretor por detrás dessa áurea de "filme difícil". é lindo demais. Eu sei que aquela cena mostra angústia, culpa e até mesmo inveja da vida de Camilla e também lembro que o sofá tinha uma certa história das duas (uma das razões pela qual ela troca de quarto) sei que não foi uma cena boba, não falei que é uma cena inútil ou algo do tipo, ela é muito interessante mas acho que o Renato tava mais "brincando" do que falando sério ai só quis dar uma resposta rapida, mas enfim... Fico triste que você não tenha gostado da resenha, mas acho que ela foi mais "esquemática" mais pra "destrinchar" o filme do que pra falar da sua áurea, sua beleza, acho que fiquei mais tentando "explicar" e acabei falando pouco sobre a beleza do filme, mas não tão pouco como você diz, minha intenção com essa resenha foi mais facilitar o entendimento do filme, pra depois caso o leitor reassistisse prestasse mais atenção na beleza do filme do que na complexidade. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Dan... Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 ok, mas será que, dessa forma, teu trabalho não acaba sendo resumido a um simples "manual" explicativo de como se assistir ao filme? acho que o mais legal de uma resenha cinematográfica é quando o texto te desperta para uma visão diferenciada da obra, uma interpretação do próprio articulista sobre o filme, da qual você pode (ou não) extrair elementos para formar a tua própria visão a respeito. as imagens não possuem um único sentido (claro, com largas exceções), às vezes podem ser interpretadas de diferentes formas, e a maneira como você colocou no texto (que, vale dizer, funciona relativamente bem, dentro daquilo que você se propôs - não simpatizei com a proposta mesmo, não com o desenvolvimento) é quase como uma tentativa de condicionar as pessoas a crerem naquilo que você escreveu como sendo a visão definitiva sobre a obra. acho que ficaria muito mais interessante essa formulação de idéias em um texto mais solto, despojado, sem o compromisso de constituir uma interpretação sintética e definitiva para cada seqüência. edit: nada não, ia incluir algo, mas desisti.Dan...2007-09-18 12:59:45 Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members EdTheTrooper Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 é quase como uma tentativa de condicionar as pessoas a crerem naquilo que você escreveu como sendo a visão definitiva sobre a obra. Aquilo é minha interpretação e não o que obrigatoriamente o Lynch quis dizer' date=' não estou obrigando ninguém a seguir fielmente o que eu disse. ok, mas será que, dessa forma, teu trabalho não acaba sendo resumido a um simples "manual" explicativo de como se assistir ao filme? Não, eu falei muito do filme também, da mensagem que ele quer passar, do uso das cores, de vários detalhes e não só expliquei. acho que o mais legal de uma resenha cinematográfica é quando o texto te desperta para uma visão diferenciada da obra' date=' uma interpretação do próprio articulista sobre o filme, da qual você pode (ou não) extrair elementos para formar a tua própria visão a respeito.[/quote'] Foi com esse intuito que fez a resenha, se com você não funcionou é uma pena... acho que ficaria muito mais interessante essa formulação de idéias em um texto mais solto' date=' despojado, sem o compromisso de constituir uma interpretação sintética e definitiva para cada seqüência. [/quote'] Enfim... Se você não gostou da proposta não posso fazer nada, eu tentei fazer o texto de um jeito mais direto e solto possível. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Dan... Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 Enfim... Se você não gostou da proposta não posso fazer nada... ok, isso encerra a discussão. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members bat Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 Ele tá virando " hominho" Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nacka Posted September 18, 2007 Author Report Share Posted September 18, 2007 Eu ganho mui pouco, mas definitivamente não posso dizer que não me divirto. Semana que vem tem um filme levinho, A Missão de Roland Joffé, afiem as garras mesmo assim, nunca se sabe... Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
Members Forasteiro Posted September 18, 2007 Members Report Share Posted September 18, 2007 Ed, não leva a mal não, sei que você deve ter tido trabalho na sua conjunção de idéias sobre Cidade dos Sonhos, mas tenho que concordar com o Daniel. Sei que você tentou um formato diferente, ousar é válido, mas às vezes dá certo e, na maioria delas, não. Na minha opinião, o que faltou no seu texto foi o texto. Porque lançar insights à deriva em uma folha de word, resumindo cena por cena e conferindo a elas uma "inerpretação" soou simplista e (não sei por que essa palavra me ocorreu agora) arrogante. O maior problema é o caráter de manual mesmo, de uma leitura fria, e principalmente, reduzindo o filme àquela famigerada "complexidade", SUPERFICIAL, pela qual Cidade dos Sonhos termina injustamente conhecido (e odiado). A narrativa "difícil" usada pelo Lynch é apenas a pele do filme. Mas achei ótima a sua participação no Cineclube. Acho que pela primeira vez, estamos colocando o foco da discussão sobre o texto, e não sobre o filme. Interessante, e muito válido. Quote Link to comment Share on other sites More sharing options...
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