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Cineclube em Cena


Nacka
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Ed, então devo supor que você entendeu agora o meu comentário na apresentação de sua resenha. Concordo com o Foras, vi isso na hora que estava formatando seu texto e comentei com o Jail também.

O Cineclube não é lugar de textos perfeitinhos sobre filmes consagrados (embora muitos ainda achem isso). Quem se habilita fazer uma resenha aqui o faz sobre o objeto de sua admiração (o filme escolhido) mas o aprendizado é de todos e engloba muitos aspectos. E convenhamos, discordar de um filme de Lynch ou melhor, da visão do que seja um filme dele é perfeitamente compreensível. Estou maturando minhas impressões sobre Duna (outro dele que irei falar) há pelo menos 2 meses e já revi o filme trocentas vezes e sinto que ainda estou longe do que quero.

Como foi comentado, o esforço que cada um é recompensado de muitas formas, nem todas perceptíveis...

 

 



 
Nacka2007-09-19 14:49:31
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Primeiro' date=' parabéns bernardo tanto pelo Cinéfilo como pela belíssima resenha. Apesar de ser o único filme dirigido pelo Todd Field que eu vi, já o admiro muito, pois esse filme como você já disse é cheio de sutilezas e o principal dele como você também destacou são os olhares que falam por mil palavras, gostei muito da resenha você falou algumas coisas que eu nem havia reparado, algumas metáforas por exemplo e realmente destacou o que tinha pra se destacar do filme. Eu gostei muito do filme e principalmente da história do Pedófilo que pra mim aquele final é espetacular, acho que Field conseguiu fazer algo incrível com seus espectadores, fazer com que no começo do filme a grande maioria sentir um certo "desprezo" pelo personagem de Jack Earle Haley (que faz uma das melhores atuações do ano) e ao fim do filme faz os nós nos sentirmos até certo ponto culpados por ter julgado precocemente Ronnie que ao longo do filme se revela muito mais "humano" do que pensávamos.[/quote']

 

Muito obrigado, Ed.03 E ainda não viu Entre Quatro Paredes? Corra agora para a locadora. Brilhante também.

 

Não vou quotar todos os posts, mas obrigado pelos elogios.

 

Gosto bastante deste. Algumas coisas me incomôdam (a narração) mas no computo geral o saldo é positivo. Acho a atuação do "protagonista" pífia tbm' date=' mas a história é sem dúvida interessante e até mesmo corajosa.
[/quote']

 

Sem querer parecer arrogante, mas já imagino que você também não gostou do final. Acertei?

 

Tbm não curti muito a atuação.

 

Por quê? Para mim, Wilson estava brilhante e me surpreendeu. Detesto Menina Má.Com, apesar de ter adorado as atuações de Wilson e principalmente da garotinha (esqueci o nome dela).

 

==================================================

 

Eu gostei da resenha do Ed. Desconstrui com eficácia cada cena do filme, pôs em palavras o deleite visual que é Cidade dos Sonhos e isso já é um grande acerto. Faltou um pouco de pessoalidade, desconstruir a personagem da Watts, mas em geral o saldo é positivo.
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Primeiro' date=' parabéns bernardo tanto pelo Cinéfilo como pela belíssima resenha. Apesar de ser o único filme dirigido pelo Todd Field que eu vi, já o admiro muito, pois esse filme como você já disse é cheio de sutilezas e o principal dele como você também destacou são os olhares que falam por mil palavras, gostei muito da resenha você falou algumas coisas que eu nem havia reparado, algumas metáforas por exemplo e realmente destacou o que tinha pra se destacar do filme. Eu gostei muito do filme e principalmente da história do Pedófilo que pra mim aquele final é espetacular, acho que Field conseguiu fazer algo incrível com seus espectadores, fazer com que no começo do filme a grande maioria sentir um certo "desprezo" pelo personagem de Jack Earle Haley (que faz uma das melhores atuações do ano) e ao fim do filme faz os nós nos sentirmos até certo ponto culpados por ter julgado precocemente Ronnie que ao longo do filme se revela muito mais "humano" do que pensávamos.[/quote']

 

Muito obrigado, Ed.03 E ainda não viu Entre Quatro Paredes? Corra agora para a locadora. Brilhante também.

 

Não vou quotar todos os posts, mas obrigado pelos elogios.

 

Gosto bastante deste. Algumas coisas me incomôdam (a narração) mas no computo geral o saldo é positivo. Acho a atuação do "protagonista" pífia tbm' date=' mas a história é sem dúvida interessante e até mesmo corajosa.
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Sem querer parecer arrogante, mas já imagino que você também não gostou do final. Acertei?

 

Tbm não curti muito a atuação.

 

Por quê? Para mim' date=' Wilson estava brilhante e me surpreendeu. Detesto Menina Má.Com, apesar de ter adorado as atuações de Wilson e principalmente da garotinha (esqueci o nome dela).

 

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Eu gostei da resenha do Ed. Desconstrui com eficácia cada cena do filme, pôs em palavras o deleite visual que é Cidade dos Sonhos e isso já é um grande acerto. Faltou um pouco de pessoalidade, desconstruir a personagem da Watts, mas em geral o saldo é positivo.

 
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Não tem esse filme na locadora aqui bernardo... Mas não desisti de procurar05, gostei muito de Little Children mesmo, mas principalmente da história do Pedófilo, e quanto a atuação do cara... Achei abaixo do resto do elenco, mas não que ela seja ruim. E fico feliz que pelo menos um tenha gostado da minha resenha06. Quem sabe minha próxima resenha (se houver) fique melhor, afinal sou apenas um aprendiz, comecei a GOSTAR mesmo e  a apreciar mais os filmes a menos de um ano.
EdTheTrooper2007-09-19 12:54:14
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Gosto bastante deste. Algumas coisas me incomôdam (a narração) mas no computo geral o saldo é positivo. Acho a atuação do "protagonista" pífia tbm' date=' mas a história é sem dúvida interessante e até mesmo corajosa.

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Sem querer parecer arrogante, mas já imagino que você também não gostou do final. Acertei?

 

 

Sem essa de pisar em ovos Ber... Enganou-se sim. eu gosto bastante do final (menos do skate du´h) acho ele bem corajoso e original, podia apelar pro peigas e não o fez, aliás, o final é uma das melhores coisas do filme.

 

batgody2007-09-19 14:44:40

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Estou com receio agora da minha resenha sobre 'Marie Antoinette'. Não está pronta; devo estar na metade. Mas um pouquinho longe e foge totalmente do convencional. Está bastante intimista e pode se restringir somente a quem já viu e prestou muita atenção no filme. Estou com medo. Vou repensar. Talvez comece tudo de novo.

 

Nacka. Se continuar com esta, acho que irei formatar para não te dar trabalho. Porque o formato dela será um pouco diferenciado do que já esteve aqui.

 

E se alguém puder ser voluntário e ler algum trecho... Por favor.. MP. 030302
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Estou com receio agora da minha resenha sobre 'Marie Antoinette'. Não está pronta; devo estar na metade. Mas um pouquinho longe e foge totalmente do convencional. Está bastante intimista e pode se restringir somente a quem já viu e prestou muita atenção no filme. Estou com medo. Vou repensar. Talvez comece tudo de novo.

 

Nacka. Se continuar com esta' date=' acho que irei formatar para não te dar trabalho. Porque o formato dela será um pouco diferenciado do que já esteve aqui.

 

E se alguém puder ser voluntário e ler algum trecho... Por favor.. MP. 030302
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Deixe-me ser seu voluntário. Essa é a resenha que mais, digamos, fez propaganda (sem querer menosprezá-lo, claro).03
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Gosto bastante deste. Algumas coisas me incomôdam (a narração) mas no computo geral o saldo é positivo. Acho a atuação do "protagonista" pífia tbm' date=' mas a história é sem dúvida interessante e até mesmo corajosa.

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Sem querer parecer arrogante, mas já imagino que você também não gostou do final. Acertei?

 



Sem essa de pisar em ovos Ber... Enganou-se sim. eu gosto bastante do final (menos do skate du´h) acho ele bem corajoso e original, podia apelar pro peigas e não o fez, aliás, o final é uma das melhores coisas do filme.

 

 

É que a maioria diz a mesma coisa: final horrível, moralista, falso, artificial, etc.
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AGENDA DO CINECLUBE – OUTUBRO/2007

 

01/10 - Silva - Marte Ataca!

 

08/10 - Vicking - Fargo

 

15/10 - Rike - Maria Antonieta

 

22/10 - Rubysun - Lawrence da Arábia

 

29/10 - Dook - Psicose II

 

 

 

RELAÇÃO DAS DEMAIS RESENHAS (datas a definir):

 

1 - Alexei - A Liberdade É Azul

 

2 - ltrhpsm - A Igualdade É Branca

 

3 - Nacka - Duna

 

4 - FeCamargo - Eclipse de Uma Paixão

 

5 - Garami - Três Enterros

 

6 - Faéu - O Gigante de Ferro

 

7 - Batgody - Colateral

 

8 - Connie - Porky's A Casa do Riso e do Amor

 

9 - Mr. Scofield – Hellraiser Renascido do Inferno

 

10 - Cavalca - BattleStar Galactica

 

11 - J. de Silentio - Lavoura Arcaica

 

12 - EdtheTrooper - Réquiem para um Sonho

 

13 - Jailcante – Sexta-feira 13 Parte VI Jason Vive

 

14 - Silva - Tropas Estrelares

 

15 - Scarlet Rose – Filme a Definir

 

16 - Dan – Filme a Definir

 

 

 

ÍNDICE DAS RESENHAS

 

Página 1 = Forasteiro (A Lista de Schindler)

 

Página 8 = Mr. Scofield (No Rastro da Bala)

 

Página 17 = Dook (A Última Tentação de Cristo)

 

Página 28 = Silva (Amnésia)

 

Página 34 = Garami (Fogo Contra Fogo)

 

Página 37 = Alexei (Fale Com Ela)

 

Página 39 = Engraxador - El Pato (Peixe Grande)

 

Página 40 = Rubysun (Era Uma Vez no Oeste)

 

Página 42 = Thico (A.I. - Inteligência Artificial)

 

Página 44 = The Deadman (Sob o Domínio do Medo)

 

Página 45 = J. de Silentio (Cantando na Chuva)

 

Página 46 = ltrhpsm (Estrada Para Perdição)

 

Página 47 = Nacka (Além da Linha Vermelha)

 

Página 51 = Rubysun (Pulp Fiction – Tempo de Violência)

 

Página 53 = Forasteiro (Dogville)

 

Página 54 = Dook (Cidadão Kane)

 

Página 55 = Vicking (A Lula e a Baleia)

 

Página 57 = Juliocf (Se7en – Os Sete Crimes Capitais)

 

Página 59 = Enxak (Embriagado de Amor)

 

Página 59 = Jailcante (Huckabees – A Vida é uma Comédia)

 

Página 60 = ltrhpsm (O Homem que não estava lá)

 

Página 61 = silva (Crepúsculo dos Deuses)

 

Página 62 = Troy Atwood (Beleza Americana)

 

Página 63 = Noonan (Herói)

 

Página 68 = Alexei (Blow Up - Depois Daquele Beijo)

 

Página 70 = Fernando (Moulin Rouge - Amor em Vermelho)

 

Página 71 = Thico (Sonata de Outono)

 

Página 73 = Th@t@ Patty (A Casa de Areia e Névoa)

 

Página 74 = Garami (A Criança)

 

Página 75 = The Deadman (Touro Indomável)

 

Página 76 = J. de Silentio (O Novo Mundo)

 

Página 77 = Veras (Os Bons Companheiros)

 

Página 81 = Bern@rdo (Pecados Íntimos)

 

Página 81 = EdTheTrooper (Cidade dos Sonhos)

 

Página 83 = Jailcante (A Missão)

 

Página 83 = Silva (Marte Ataca!)Jailcante2007-10-03 19:00:41

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A trilha sonora deste filme é um personagem tão vigoroso quanto o Rodrigo Mendoza de Robert De Niro, belíssima contribuição de Enio Morricone que embala os outros aspectos igualmente importantes do filme.

 

 

A Missão - Roland Joffé

(por Jailcante)

 

 

missao_86_01.jpg

 

 

FILME: A Missão (The Mission) de Rolland Joffé (1986)

SINOPSE (by: www.2001video.com.br): A Missão retrata a guerra estabelecida por portugueses e espanhóis contra jesuítas idealistas que catequizavam os índios nos Sete Povos das Missões, na América do Sul no século XVIII. Robert De Niro faz um violento mercador de escravos indígenas, que arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto-penitência e acaba se convertendo em missionário jesuíta. Ele ajuda o líder dos catequizadores, Gabriel (Jeremy Irons) a criar um novo mundo em Sete Povos das Missões, mas os portugueses e espanhóis têm outros planos para aquele lugar. Quando Gabriel se recusa a deixar o que construiu, o exército é mandado para tirá-los de lá a força.

 

missao_86_02.jpg



O QUE EU ACHO: “Os acontecimentos desta história são verdadeiros e ocorreram nas fronteiras da Argentina, Paraguai e Brasil no ano de 1750” é a frase que abre A Missão. E é num tom realista que o filme aborda um fato relacionado com nossa história. O pano de fundo é a colonização da América do Sul pelos espanhóis e portugueses no século 18, mostrando as missões jesuítas da Igreja Católica ocorridas nesse período. Temos aqui um pedaço da nossa história retratada. E muito bem retratada.

Numa das cenas iniciais, vemos um grupo de índios jogando num rio um corpo de um padre amarrado numa cruz. Isso já simboliza o tema principal: A civilização dos índios da América do Sul através do cristianismo. Se por um lado, isso foi um meio de um grupo – os missionários jesuítas da Igreja Católica, especificamente falando - tentar defender esse povo da colonização, por outro pode se julgar o mal que isso poderia ter sido na cultura dos índios, que praticamente foram obrigados a abandonar seus ritos e tradições em troca de uma “civilidade” – que era o que o cristianismo significava na época. Civilidade esta, que era imposta pelos colonizadores tanto espanhóis como portugueses, justamente quem devastava as terras indígenas e escravizavam os índios. A Missão relata através da história da Missão de São Carlos comandada pelo Padre Gabriel (Jeremy Irons) todos os meandros da colonização desenfreada da América do Sul. Podemos ver no filme a discriminação que os índios sofriam dos colonizadores que os tratavam como meros “animais selvagens”; a escravidão que foi imposta a uma enorme quantidade deles; a luta pelo controle de terras indígenas colonizadas; a Igreja que praticamente os abandonou quando viu que estava perdendo o controle - leia-se poder - na região, e simplesmente deixou acontecer os massacres; e, claro, os jesuítas que acabaram se voltando contra os colonizadores e contra a própria Igreja, na busca pela proteção dos índios e de suas terras.

Depois dessa cena com o padre sendo jogado no rio, somos apresentados ao personagem de Jeremy Irons. O padre Gabriel. Um missionário jesuíta que vai tentar um contato com uma tribo de índios guaranis. Já começamos vendo a dificuldade que ele tem para chegar ao local onde está a tribo. Ele tem que atravessar um rio, escalar uma cachoeira e depois adentrar uma floresta. E é quando Gabriel encontra os índios que temos uma cena onde já se destaca um dos elementos chaves do filme: A Música. Tendo a dificuldade de comunicação com eles, pela falta de conhecimento de seu dialeto, Gabriel apela para uma flauta. Ele toca uma música que desperta a curiosidade dos índios, que mesmo após a ira de um deles - um índio mais velho da tribo quebra a tal flauta - acabam por aceitar a presença dele. O problema de comunicação que poderia haver, não existe mais; e esse é o primeiro elo que se forma entre o padre e os índios. A importância que a trilha sonora tem nessa cena é a mesma que tem no filme como um todo. Sendo de assinatura do mestre Ennio Morricone, temos nessa pequena cena como essa trilha é importante para se contar essa história, ou melhor, para se fortalecer as estruturas dessa história. O Padre usa a música para que para se mostrar aos índios como um “igual” e assim eles passam a confiar em alguém de fora por causa dessa música. E em outras cenas, o inverso é feito. Gabriel muitas vezes para tentar mostrar ao “povo civilizado” - tanto os colonizadores, como o representante da Igreja - que os índios não são “animais” como eram taxados, ele novamente usa a música. Numa dessas cenas, ele coloca em frente de uma platéia um pequeno índio cantando, e logo se vê como algumas pessoas ficam maravilhadas ao ouvir um índio cantando de tal forma. São cenas como essa que o filme mostra a música como sendo uma linguagem universal que ultrapassa barreiras culturais, de linguagens, de idiomas e dialetos. A trilha sonora é um dos alicerces de A Missão.

missao_86_04.jpg


Outro alicerce é o personagem Capitão Rodrigo Mendonza, perfeitamente interpretado pelo ator Robert DeNiro. Já com um rol de personagens marcantes, tanto antes desse filme como depois dele, De Niro tem mais um personagem forte em mãos que, como de costume, ele realiza muito bem. No início, Rodrigo é um mercenário. Um mercador de índios. Ele os captura na floresta e os vende como escravos para colonizadores. Aqui já o vimos como um homem que faz o seu trabalho com muita frieza, sem demonstrar muita emoção. Ele simplesmente cumpre a função, sem se preocupar com as conseqüências ou com a uma suposta moralidade no que faz, mas que, ao mesmo tempo, se mostra muito apegado a sua família, no caso, sua mulher Carlotta (Cherie Lungh - a única personagem feminina com fala do filme) e seu irmão mais novo Felipe (Aidan Quinn). A situação dele começa a se desenvolver quando sua mulher assume que se apaixonou pelo seu irmão. Rodrigo não busca vingança ou algo que o valha. Ele simplesmente tenta a todo custo não se deixar cair qualquer sentimento negativo, já que ama o irmão. Ou seja, aquele homem que se mostrava frio – pelo menos perante os índios que capturava – aqui mostra sua humanidade. E mesmo depois de ver a mulher e seu irmão juntos na cama, Rodrigo, não os confronta, tenta ir embora, mas acaba tendo um duelo de vida e morte, o que resulta na morte de Felipe. Isso tudo está bem trabalhado na trama, e não soa como “novela mexicana”. Com a condução do diretor Roland Joffé e a interpretação de De Niro tudo fica num patamar bem superior.

Após a morte do irmão, Rodrigo passa a se martirizar. Não consegue viver com a dor, e aí que o Padre Gabriel o encontra novamente. Ele o convence a ir para a Missão de São Carlos ajudar os índios, e fazer algo por alguém, principalmente para aquele povo, em que ele, Rodrigo, sempre condenou no passado. Temos então a cena da redenção dele, que é ótima e com uma bela conclusão. Para chegar à tribo de guaranis, ele leva consigo um peso amarrado ao corpo. Esse peso representa o peso do passado, da culpa que ele carrega pela vida que levava e também pela morte do irmão. Mesmo com toda dificuldade de chegar à tribo, com rio, cachoeira e uma floresta densa pelo caminho, ele continua a carregar o tal peso, mesmo com reprovação por parte dos outros Padres jesuítas que o acompanham. Um deles (interpretado pelo ator Liam Neeson – aqui no início de sua carreira) até tenta o livrar desse peso, mas Rodrigo se nega a deixá-lo para trás. E ao chegar ao topo da cachoeira, acontece a conclusão do seu martírio quando ele se depara com os índios. Vemos juntos os desempenhos de Robert DeNiro com a trilha de Morricone. O jeito que Rodrigo chora e ri ao mesmo tempo quando se livra do peso pelas mãos dos índios é comovente, e com a música de Ennio ao fundo, forma o melhor momento do filme.

 

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Depois dessa redenção de Rodrigo, e ele se tornando um dos padres jesuítas da Missão de São Carlos, o que se segue no filme é a disputa que tomou conta da região. Colonizadores portugueses e espanhóis, tentando acabar com as missões Jesuítas. Afinal, as missões davam voz e terra aos índios, coisa que a colonização desenfreada que ocorria por aqui não poderia permitir. A Igreja Católica comparece no meio dessa disputa, através de um representante vindo da Europa. Uma autoridade da Igreja que vem incumbido da dar uma solução para o conflito. O personagem mostra certa dualidade. Ele vê a importância das Missões para o povo indígena, mas ao mesmo tempo vê que devido aos vários interesses em jogo não conseguiria evitar o conflito, e acaba por “lavar as mãos”. Assim o massacre dos índios começa. Antes das cenas de batalhas, temos um belo diálogo entre Rodrigo e Gabriel. Rodrigo quer deixar de ser padre para poder enfrentar a luta armada junto com os índios, e Gabriel se recusa a entrar em guerra ou dar permissão para que Rodrigo faça isso. Daí surge uma quebra entre os jesuítas, já que enquanto Gabriel vai simplesmente realizar mais uma missa tendo como platéia mulheres, crianças e idosos da tribo, Rodrigo e todos os outros jesuítas formam com os homens da aldeia um exercito para tentar enfrentar os soldados colonizadores. As cenas de batalha ilustram bem a covardia em que ocorriam nesses confrontos. Os índios contando com poucos recursos, enquanto os soldados colonizadores tinham toda uma estrutura e, principalmente, as armas de fogo. Comparado com filmes atuais, essa batalha não é tão violenta, mas ainda sim se mostra bem cruel.

A Missão se posiciona como um “filme denúncia”, assumindo certas posições extremas, como tratar os jesuítas sendo “100% heróis” – não vemos ninguém ruim no lado deles - e os colonizadores sendo “100% vilões” – não vimos ninguém bom no lado deles. E até a Igreja Católica, que não tomou uma decisão feliz ao “lavar as mãos” em relação ao conflito, também é poupada. Como o foco seria a situação dos índios, principalmente, o massacre que ocorreu com eles, então o filme não se põe com um olhar isento, mas para se colocar assim, teve aqui uma engenhosa manobra narrativa, quando vemos que tudo é contado por um dos personagens. Então, tudo ali está sendo visto com um olhar bem específico de alguém que participou de tudo e que reprova tudo que aconteceu ali. Tanto que a primeira e a última imagem do filme é justamente o olhar de reprovação desse personagem para com a história. Só que se por um lado a situação dos índios era o foco, por outro lado, os mesmos índios não demonstraram muita empatia na tela. O diretor Rolland Joffé resolveu não usar atores profissionais para interpretá-los. Como era o realismo que ele buscava, então aqui foi usado uma tribo de verdade - os Waunana, do sudoeste da Colômbia - para interpretarem os índios guaranis. Assim não temos um personagem dentre eles que chame maior atenção. Tem uma tentativa com um pequeno índio que segue o Robert De Niro, e um outro que comanda a tribo, mas pouco se consegue nesse sentido. No geral, se tem a impressão que os índios são “parte do cenário”. Mas isso acabou se voltando a favor do filme, já que como disse, o foco era a situação dos índios e situação deles era essa na época: Eles não tinham importância, e sim essa disputa que acontecia em nome deles e das suas terras. Os índios são somente uma “parte do cenário” da nossa história.

Para finalizar: O filme, na época de lançamento chamou atenção, ganhando até a Palma de Ouro de Cannes. Atualmente, é pouco lembrado. Talvez pelo fato do diretor Rolland Joffé não ter feito nada relevante depois dele, mas precisamos prestar atenção em A Missão, principalmente nós, já que conta uma história envolvendo a colonização do nosso continente. Embora como “cinema” cometa deslizes, – como, já citado, não olhar para essa história com um olhar mais isento – mas como “aula de história”, cumpre muito bem a função. Belas imagens, direção de arte caprichada, trilha sonora inesquecível, ótimas interpretações, uma boa narrativa, – traduzindo, o filme não é maçante como uma aula de história normalmente é - se toda aula de história fosse assim, com uma trilha de Ennio Morricone no fundo e interpretação de Robert De Niro, evasão escolar seria algo que não existiria mais.

PRESTE ATENÇÃO: Em todas as cenas envolvendo o personagem Rodrigo Mendonza (Robert De Niro). Desde o começo, como um homem frio que capturava índios na floresta para vendar para escravidão, passando pela sua redenção (uma cena belíssima), até a batalha final onde tenta defender a todo custo os índios guaranis.

O QUE JÁ SE DISSE (pelo site: www.historianet.com.br): Contexto Histórico - Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima européia. Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso". Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de litígio entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas. Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes, e se contrário, perderiam a confiança deles. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças as táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu e Nicolau Languiru. No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões.

PORQUE NÃO PERDER: Um filme que se torna importante para nós, por mostrar um fato importante na história da América do Sul (Brasil incluso, claro). Uma aula de história muito bem cuidada tecnicamente, que tem uma trilha de inesquecível de Ennio Morricone e uma ótima atuação de Robert DeNiro.

DADOS DO DVD: Idioma – Português, Inglês; Legendas: Português, Inglês, Espanhol; Áudio: Dolby Digital 5.1 (Inglês), Dolby Digital 2.0 (Inglês e Português), Imagem: Widescreen 16X9; Cor: Colorido; Embalagem Amaray em Português; Região: DVD All (aberto para todas as zonas) e DVD 10 - Duas faces e única camada de cada lado; Extras - LADO A: A MISSÃO - Menu interativo, Seleção de cenas; LADO B: EXTRAS - Menu interativo, Seleção de cenas, Biografias, Documentários, Entrevistas. (Dados by: www.2001video.com.br)
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Já faz um tempinho que assisti A Missão, e achei maravilhoso. A trilha do Morricone realmente é marcante, mas o aspecto bucólico do filme, assim como em Além da Linha Vermelha, foi o grande diferencial para mim. Esse deve ser um dos papéis mais incomuns da carreira do De Niro, ele consegue tranformar a velha história de redenção em algo não tão clichê.

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As coisas são assim mesmo. Quando tem uma resenha interessante de um filme que muita gente viu, as coisas se movimentam mais. Mas quando é um resenha não-interessante de um filme que pouca gente viu, fica assim mesmo.

 

 

 

That's all right.

 

 

 

Mas segunda-feira 01/10 tem a resenha do Silva que para o Marte Ataca! do Tim Burton que acho que é um filme que muita gente viu. E não só essa do Silva, mas Outubro no Cineclube tem várias resenhas que prometem.

 

 

 

Espero que todos participem! 05.gif

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Jail, acabei de ler sua resenha. Gostei muito dela, principalmente da conexão da música com a história. Enfim, esse, pelo menos pra mim, é um daqueles filmes bem feitos, mas pra mim vejo mais como um documentário com De Niro 06. Não que seja chato, mas eu não veria de novo. Mas o fato de falar sobre as missões que fazem parte da nossa história transforma esse filme em um filme muito mais interessante para nós, como você mesmo disse. Gostei muito do De Niro, pra variar um pouco ele sempre entra no "espírito" da coisa. E aquela cena (sua preferida) é espetacular, mas ainda prefiro a cena final, mostrando a mais pura covardia  fato que realmente acontecia muito. Um dos fatores para eu não ter gostado tanto do filme, é que achei muito parcial, mostrando os missionários como "perfeitos", mas até da pra entender que ele quis mostrar o lado dos índios. Gostei também dos extras do DVD, foi um filme bem difícil de ser realizado, e isso da pra perceber só pelos atores (índios) que fizeram os guarinis (que me lembra de outra coisa interessante do DVD, mostrando que os Guaranis ainda existem mas estão praticamente acabados). Enfim, foi uma bela resenha Jail, pena que pouca gente assistiu ou pelo menos tentou alugar o filme... O que é uma pena, todos que participam do Cineclube deviam tentar assistir a todos os filmes, e não se preocupar só com os filmes que eles vão resenhar. EdTheTrooper2007-09-27 12:52:58

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Valeu, Ed!05.gif

 

 

 

Mas o que posso fazer antes da próxima resenha chegar é um depoimento sobre a feitura dessa que fiz:

 

 

 

Eu tinha me acovardado em fazer resenhas para o Cineclube depois da minha má experiência com do Huckabees na 2ª Temporada. Foi muito difícil fazer, e não gostei do resultado. Acho que queria falar muita coisa sobre o filme (ser fãzóide é foda...) e como fiz em cima da hora (era pra entregar numa 2ª e comecei a escrever na 6ª feira anterior) acabei não dizendo nada com nada, e me limitei a contar a história do filme. Enfim, já foi...

 

 

 

Dessa vez resolvi fazer diferente, e comecei escrever bem antes (comecei em agosto mesmo), escrevendo um pouco de cada vez e dessa vez me foquei no que eu achava importante dizer sobre o filme A Missão (no caso o foco para mim nesse filme eram DeNiro, Ennio e Contexto histórico basicamente). E dessa vez escolhi um filme que eu não conhecia muito. Assisti só um vez antes de fazer a resenha e tinha gostado até mas não "adorei". O filme "não pregou" em mim, digamos assim (ao contrário do Huckabees que sou fãzaço). Ou seja, seria a proposta inicial do Cineclube onde a gente passaria a conhecer melhor a obra ao começar escrever sobre ela. E nisso foi eficiente. Não sei se cheguei a gostar mais do filme, mas assisto conhecendo mais suas qualidades e seus defeitos.

 

 

 

E, por fim, gostei do resultado final: A resenha. Dessa vez consigo ler uma resenha minha sem problemas. E como disse ao Nacka quando a entreguei: Não dá para esperar muito das minhas resenhas, mas fiz o melhor que pude.

 

 

 

Bem, basicamente é isso.

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Mas o que posso fazer antes da próxima resenha chegar é um depoimento sobre a feitura dessa que fiz:

Eu tinha me acovardado em fazer resenhas para o Cineclube depois da minha má experiência com do Huckabees na 2ª Temporada. Foi muito difícil fazer, e não gostei do resultado. Acho que queria falar muita coisa sobre o filme (ser fãzóide é foda...) e como fiz em cima da hora (era pra entregar numa 2ª e comecei a escrever na 6ª feira anterior) acabei não dizendo nada com nada, e me limitei a contar a história do filme. Enfim, já foi...

Dessa vez resolvi fazer diferente, e comecei escrever bem antes (comecei em agosto mesmo), escrevendo um pouco de cada vez e dessa vez me foquei no que eu achava importante dizer sobre o filme A Missão (no caso o foco para mim nesse filme eram DeNiro, Ennio e Contexto histórico basicamente). E dessa vez escolhi um filme que eu não conhecia muito. Assisti só um vez antes de fazer a resenha e tinha gostado até mas não "adorei". O filme "não pregou" em mim, digamos assim (ao contrário do Huckabees que sou fãzaço). Ou seja, seria a proposta inicial do Cineclube onde a gente passaria a conhecer melhor a obra ao começar escrever sobre ela. E nisso foi eficiente. Não sei se cheguei a gostar mais do filme, mas assisto conhecendo mais suas qualidades e seus defeitos.

E, por fim, gostei do resultado final: A resenha. Dessa vez consigo ler uma resenha minha sem problemas. E como disse ao Nacka quando a entreguei: Não dá para esperar muito das minhas resenhas, mas fiz o melhor que pude.

Bem, basicamente é isso.
[/quote']

 

E só complementeando o que o Jail disse: no fundo, esse é um dos objetivos do "Cineclube": proporcionar discussões acerca das várias visões que podemos ter de um filme, e até mesmo aperfeicoarmos a nossa capacidade de síntese, coesão e agrupamento de idéias, ao escrever uma resenha. E, com toda a certeza, isso nos será bastante útil no dia-a-dia.

 

Agora, cadê o Nacka com a minha resenha??11 Estou ansioso para ver a reação do pessoal!!!
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A está a crítica do Silva para o debochadíssimo e delirante filme do Tim Burton onde o imperialismo americano é destroçado sem dó:

 

Marte Ataca! - Tim Burton

(por Silva)

 

marte-ataca-poster01.jpg

 

 

 

Filme - Marte Ataca (Mars Attacks!), de Tim Burton (1996)<?:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = O />

 

Sinopse - Os marcianos invadem nosso planeta, matando e destruindo tudo no caminho, pois acham bem divertido e querem transformar a Terra em um "parque de diversões". Se ninguém achar uma maneira de detê-los, a raça humana está condenada ao extermínio. (Fonte – adorocinema.com.br)

 

marte-ataca08.jpg

 

O que eu acho - Os filmes envolvendo invasões extraterrestres tiveram o seu auge entre os produtores dos chamados “filmes B” entre o final da Segunda Guerra Mundial e meados da década de 50. Com o início da Guerra Fria e da corrida armamentista, o interesse pela ficção científica, e o relato, em 1947, de um homem de negócios que, enquanto voava em seu jato particular alegou ter visto à sua frente objetos com forma arredondada atravessando o céu, inaugurou-se a obsessão por discos voadores. A idéia de seres ou organismos alienígenas perambulando tão perto da Terra passou a fazer parte do temor e do imaginário popular e dos estúdios de Hollywood. Dentre os diretores que se aventuraram nesse gênero, destacam-se Don Siegel (Invasion of Body Snatchers), Roger Corman (Not of This Earth) e Ed Wood (Plan 9 for the Other Space), sendo esse ultimo, considerado “o pior diretor do mundo”, teve uma biografia filmada por Tim Burton em 1994.

           

 

O projeto de Tim Burton que sucedeu “Ed Wood”, coincidentemente ou não, envolvia todos os preâmbulos descritos no parágrafo anterior.  Esse projeto se chama “Marte Ataca”, e se desenvolve a partir de uma invasão alienígena a Terra, onde, após tentativas fustradas de negociações, eles resolvem acabar com o planeta, diante da incredulidade e ineficiência das forças terráqueas em detê-las, até que a população descobre um meio de derrotá-los. Ao ler essa rápida sinopse, pode-se lembrar logo de cara de um outro filme com o mesmo tema feito um ano antes: “Indepedency Day”, dirigido por Ronald Emmerich. Mas é apenas nesse ponto que os dois filmes são semelhantes: enquanto que “ID4” é um filme de ação com uma forte carga de explosões de patriotismo, “Marte Ataca” aposta mesmo na homenagem aos seus homônimos da década de 50, com uma boa dose de sarcasmo e ironia,  debruçando-se ainda sob a crítica social, construindo o seu crossover de histórias perante o panorama social norte-americano.

           

Sendo assim, analisemos rapidamente os personagens principais desse filme: temos o  presidente totalmente inseguro, oportunista (aproveita a oportunidade de entrar em contato com seres extraterrestres para se promover) e covarde. A sua esposa é uma pessoa totalmente fútil e deslumbrada com o posto de “primeira-dama”, a ponto de querer trocar toda a decoração da Casa Branca. Como assessores militares, temos um General ausente, cuja motivação se resume em “esperar de boca fechada a oportunidade de uma promoção”, e um outro de temperamento turrão e totalmente belicista. O assessor científico (caracterizado com o seu jaleco branco e o seu indefectível cachimbo), no alto da sua sapiência, baseia a sua conclusão de que os seres extraterrestres são pacíficos pelo fato de serem uma “nação avançada tecnológica e culturamente”. Já na sociedade, o lucro comanda tudo, e o dinheiro está nas mãos de picaretíssimos donos de cassinos. Os heróis do filme são um boxeador aposentado, um adolescente nerd apaixonado pela sua avó caduca (cuja família é o perfeito esteriótipo da América redneck, representado pelos pais que vibram com a possibilidade do filho mais velho “servir a nação” como fuzileiro – personagem este que é o primeiro a morrer, segurando a bandeira Norte-Americana, uma imagem simbólica do teor do filme) e duas crianças negras fãs de jogos eletrônicos. Como pode-se perceber, os personagens desse filme são completamente antagônicos em comparação aos seus correspondentes em “ID4”, reforçando ainda mais o tom de paródia e crítica ao militarismo e, indiretamente, uma sátira aos filmes ultra-pratióticos.

           

marte-ataca11.jpg

 

Mas o filme, além dos fatores acima, se vale também de uma parte técnica primorosa. Usando como modelo para os extraterrestres, bem como as suas naves e armas, (e também como inspiração inicial para o roteiro do mesmo) uma série de figurinhas chamada Topps editada em meados dos anos 50, temos, como resultado, uma direção de arte fabulosa, com verdadeiras obras de animação em computador em forma de marcianos. Graças a isso, como resultado final, temos um ar quase retrô ao filme, mesmo com a ambientação (cenário, figurindo dos atores, etc) sugerindo que a história se passe nos dias atuais.

           

Aliás, falando nos extraterrestres, eles são mais uma constatação do tom irônico e subversivo da obra <?:namespace prefix = st1 ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" /><?XML:NAMESPACE PREFIX = ST1 />em questão. Ao contrário dos filmes mais usuais, onde eles são vistos como seres implacáveis e cruéis, ou mesmo, em alguns filmes, como seres bonzinhos, aqui eles estão mais parecidos com crianças crescidas no que tange as suas personalidades: seja fazendo experiências esdrúxulas com as espécimes humanas que são levadas ainda vivas á nave (incluindo uma inusitada troca de corpos entre a repórter vivida por Sarah Jéssica Parker e o seu cachorro), minituarizando militares fascistas para, logo em seguida, esmaga-los tal qual uma formiga, ou ainda fincar de maneira original a sua bandeira, os extraterrestres procuram não apenas destruir o planeta a todo custo, mas também atazanar e humilhar os seus habitantes.

 

Além disso, há um fato curiosíssimo envolvendo o filme: poucas vezes se vê um massacre tão exacerbado de astros. Jack Nicholson (que faz, além do Presidente, um excêntrico dono de cassino), Glenn Close (a primeira-dama), Michael J. Fox (Um dos repórteres da emissora de TV), Sarah Jéssica Parker, Pierce Brosnan (o consultor científico), Rod Steiger (o militar belicista), James Earl Jones (o militar sem opinião formada), Danny DeVito (o advogado), todos eles morrem com cerca de 1 hora de filme. Percebe-se também como, mesmo diante de morte certa de seus personagens, os atores estão bastante a vontade no filme, notando-se claramente que eles, de certa forma, estão também se divertindo com os seus personagens e suas excentricidades.

Com todos esses ingredientes, “Marte Ataca” se mostra como sendo um filme para não levar a sério. Encarado como ele realmente se propõe a ser (uma paródia á vários valores e características do american way of life, além de uma homenagem aos filmes B e, por que não dizer, como uma continuação natural do trabalho feito por Burton em “Ed Wood”), pode-se perceber um trabalho que, se não é maravilhoso, ao menos é interessante e extremamente divertido, assim como os seus predecessores de 50 anos atrás.

 

marte-ataca12.jpg

Preste Atenção No primeiro encontro entre os extraterrestres e os seres humanos, onde vemos um espetáculo com teor sensacionalista sendo formado, culminando com o ataque dos marcianos aos seres humanos logo após alguém da platéia lançar uma pomba, símbolo da paz,  simbolizando a (suposta) aliança entre marcianos e humanos. A cena  sintetiza o teor de ironia e sarcasmo do filme.

 

O que já se disse “Assim como Novo Aeon, de Raul Seixas, este é um trabalho feito no ponto alto da carreira de um grande criador que bombou nas bilheterias e não foi entendido propriamente em seu tempo. Mas é um dos grandes filmes de Burton, e um dos melhores momentos do cinema americano dos anos 90. E, mais raro ainda, um blockbuster inteligente e debochado, que pode ser entendido em vários níveis.” Fonte – Contracampo

 

Por quê não perder Porquê é um filme extremamente divertido e sarcástico, onde Tim Burton ironiza e critica vários aspectos da cultura norte-americana, além de ser uma sincera homenagem aos percursores dos filmes envolvendo extraterrestres.

 

Dados do DVD Idiomas: Inglês, espanhol; Legendas; Português, inglês e Espanhol; Áudio: Dolby Surround 5.1 (inglês), Dolby Surround Stereo (Português); Vídeo: Widescreen (Standard); Cor: Colorido; Embalagem Flip Impressa em Português;Região: DVD Zona 4 (América Latina, Austrália e Nova Zelândia) e DVD 10 - Dupla Face e uma camada de cada lado(um lado Widescreen, outro lado Full Screen (tela cheia); Extras: Biografia e Filmografia de Jack Nicholson, Glenn Close, Pierce Brosman, Danny De Vito, Martin Short, Sarah Jessica Parker, Michael J. Fox, Tom Jones e do Diretor Tim Burton. 

 

 
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Interessante como em alguns tópicos onde a acefalia reina solta, muitos parecem que precisam contribuir a qualquer custo, nem que seja com inutilidades já aqui, onde uma discussão sobre cinema seria bem vinda, nada...

 

 

 

Afinal, ninguém viu o filme do Tim Burton ou não gostaram da resenha do Silva?

 

 

 

 

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Interessante como em alguns tópicos onde a acefalia reina solta' date=' muitos parecem que precisam contribuir a qualquer custo, nem que seja com inutilidades já aqui, onde uma discussão sobre cinema seria bem vinda, nada...

Afinal, ninguém viu o filme do Tim Burton ou não gostaram da resenha do Silva?

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Acho que, na verdade, ninguém quer ver ou comentar sobre o filme. Porquê, caso não gostassem da resenha, eles falariam "não gostei" (o que, tendo em vista o abandono do fórum, já seria algo).
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